Sobre o autor
Foi a amizade com o poeta e diplomata brasileiro Ruy Ribeiro Couto que salvou o tradutor, ensaísta e crítico literário de origem húngara Paulo Rónai da perseguição nazista e possibilitou sua fuga em 1941 para o Brasil, onde se naturalizou brasileiro e residiu até o fim da vida. Judeu, nascido em Budapeste, em 1907, Paulo Rónai passou boa parte da infância na livraria de seu pai. Trabalhou como tradutor e redator da Nouvelle Revue de Hongrie e colaborou para jornais e revistas da França e da Hungria. Formou-se Doutor em Filologia Latina e Neolatina e estudou na Sorbonne, na Alliance Française de Paris e na Università per Stranieri di Perugia, na Itália. Em Budapeste, ensinou latim, francês e italiano entre 1934 e 1940.
Ainda na década de 30, aprendeu o idioma português por conta própria e traduziu uma antologia de poesia brasileira moderna, publicada em 1939. Foi nessa ocasião em que conheceu Ribeiro Couto, que, por intermédio do Itamaraty, conseguiu que Paulo Rónai escapasse da Europa. Fluente em nove idiomas, traduziu para o português mais de 100 livros, incluindo os 17 volumes da Comédia humana de Balzac, que levou mais de 15 anos para finalizar. Em parceria com o amigo de toda a vida Aurélio Buarque de Holanda, organizou e traduziu a coletânea Mar de histórias, uma antologia de contos, reunindo autores de diversos países e publicada em dez volumes ao longo de 40 anos. A obra monumental ganhou em 2014 uma reedição pela Nova Fronteira.
No Rio de Janeiro, deu aulas no Colégio Pedro II e no Liceu Francês e fundou a Associação dos professores de Francês. Foi também o fundador e o primeiro secretário-geral da Associação Brasileira de Tradutores e professor-visitante na Universidade da Flórida. Ministrou conferências sobre literatura brasileira em Paris, Toulosse, Budapeste, Tóquio, entre outras, e colaborou para diversas publicações estrangeiras.
Escreveu também livros como a coletânea de ensaios Encontros com o Brasil (Edições de Janeiro), uma análise crítica e entusiástica sobre grandes obras da literatura brasileira, e Como aprendi o português e outras aventuras (Edições de Janeiro), em que narra a sua relação com o idioma e os desafios de aprender uma língua nova, uma experiência iniciada ainda na Hungria e aperfeiçoada no Brasil. Em 1981, recebeu o Prêmio Trienal Nath Horst Federação Internacional de Tradutores, o equivalente ao Nobel da Tradução, e, nesse mesmo ano, foi eleito Personalidade Cultural pela União Brasileira de Escritores. Paulo Rónai faleceu em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, em 1992, aos 85 anos.
Citações
“Em uma direção, o escritor vai ao encontro do Brasil, e comenta os melhores escritores da época: Guimarães Rosa, (seu estudo sobre ‘Grande sertão: veredas’ é magistral), Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Cecília Meirelles, Ribeiro Couto e Erico Verissimo, entre outros.”
Eduardo Jardim, professor e ensaísta, sobre Paulo Rónai, para O Globo
“Espécie de ‘árvore genealógica da mais aristocrática das formas literárias contemporâneas’ — como definiu em 1946, após a publicação do livro um, o crítico português João Gaspar Simões—, a série reúne 245 textos de quase 200 autores, conhecidos ou anônimos, de mais de 40 países. As mais de 3.500 páginas abrangem de um ancestral primeiro espécime do conto policial, o egípcio ‘A história de Rampsinitos’, a narrativas de grandes nomes do século 20, como Aldous Huxley, Franz Kafka e Lima Barreto.”
Folha de S. Paulo, sobre Mar de histórias (Nova Fronteira)
“O crítico e ensaísta Paulo Rónai (1907-1992), húngaro de nascimento, chegou ao Brasil em 1941, fugindo da guerra. Especialista em literatura francesa, foi responsável pela edição da Comédia humana, de Balzac, no Brasil, considerada uma das melhores do mundo. Tradutor de vários idiomas, deixou obras de referência e dicionários de francês e latim, além de dividir com Aurélio Buarque de Holanda a organização dos 10 volumes da antologia Mar de histórias.”
Estado de Minas, sobre Paulo Rónai
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