“Meninas enfurecidas furam os olhos de suas bonecas. Irmãs siamesas dividem uma perna… e também o namorado. Um homem chamado Edu encolhe de repente e passa a boiar num aquário. Uma certa Joelma ensopada de álcool se desfaz em labaredas. Esposas são servidas no vinagrete, enquanto os maridos giram no espeto ou são devorados com guardanapos de linho… Se fôssemos listar todas as diversões e perversidades que aparecem nas fábulas terríveis deste livro, encheríamos facilmente algumas páginas. Humor e fantasia, logo se vê, aqui são as palavras-chaves. Acontecimentos inacreditáveis se transformam em anedotas de caráter surrealista. Blasfêmias e palavrões são desferidos o tempo inteiro por essa língua solta, viperina, irascível. Língua imensa – eis o poderoso falo da mulher – que se exprime, paradoxalmente, numa língua enxuta, tiro e queda, sem qualquer tipo de excesso”.
Ivan Marques