15 de abril de 2021

Cânone transgressor

Uma saudação a Rubem Fonseca: um escritor de vanguarda que não perde o frescor

Por Felipe Maciel

Há exatamente um ano nos despedimos de Rubem Fonseca, que nos deixou pouco antes de completar 95 anos. As homenagens e depoimentos que vieram na sequência ressaltaram a importância do autor mineiro radicado no Rio de Janeiro que mudou a face da literatura brasileira a partir dos anos 1960. Curioso um autor de tamanha vanguarda ocupar, hoje, o lugar de cânone. Ou seria o caminho natural de quem desvia rotas e cria as próprias?

Os grandes sucessos de ficção brasileira eram, até a chegada de Rubem, majoritariamente, herdeiros do romance regional que despontou a partir da década de 1930. Ao transpor a cena para a realidade urbana, com uma linguagem seca, dinâmica e pop, o autor fez história, quebrando paradigmas e influenciando gerações. No conto e no romance!

A Nova Fronteira vem reeditando parte expressiva da obra de Rubem Fonseca, um autor, diga-se, fundamental para a literatura brasileira contemporânea. Listamos aqui alguns dos lançamentos mais recentes. 

Feliz ano novo – coletânea de contos 
Emblemática coleção de contos, publicada originalmente em 1975 e censurada pela ditadura militar. O motivo? Conter “matéria contrária à moral e aos bons costumes”.

Agosto – romance
Agosto de 1954, Rio de Janeiro, capital da República. Estamos diante dos turbulentos acontecimentos políticos que mudaram os rumos do país. A ficção de Rubem Fonseca mistura história e realidade e embaralha a história. O resultado é um grande clássico.

Bufo & Spallanzani – romance
Estamos diante de um romance pontuado pela metalinguagem. O clichê policial ganha outros tons e se torna um grande sucesso editorial e também do audiovisual.

Amálgama – contos
Em grande performance, o autor de “Lúcia McCartney” reúne neste volume todos os elementos que o consagraram: o erotismo, a violência, a velocidade narrativa e o clima noir.

O seminarista – romance
Para José, matar não causa remorso, muito menos prazer. É apenas um trabalho. Uma trama concisa, intensa, capaz de manter a tensão a cada página. A edição conta com posfácio de Gustavo Bernardo Krause.

Calibre 22 – coletânea de contos em pré-venda
Violência motivada por racismo, misoginia, homofobia e outros preconceitos. Mais atual impossível. Rubem Fonseca traz de volta o detetive Mandrake. Ele precisa desvendar quem está por trás de uma série de assassinatos envolvendo o editor de uma famosa revista feminina. 


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