Caio Fernando Abreu

Sobre o autor

Caio Fernando Abreu foi um transgressor, autor de uma obra autoconfessional, pop, queer e underground, fascinado pelo tema da individualidade, por vezes sombrio, além de um frasista genial, que voltou a ter enorme popularidade nesses tempos de mídias sociais. Sua obra ganhou forma em contos, novelas, peças, poemas, romances e em uma vasta produção epistolar. Foi publicado em diversos idiomas, entre eles o inglês, o francês, o espanhol, o alemão e o holandês. Nasceu em 1948, na pequena Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul. Em 1963, mudou-se Porto Alegre com sua família e logo começou a escrever. Com apenas 18 anos, publicou Limite branco, seu primeiro romance.

Mais tarde, ingressou nos cursos de Letras e Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que não chegou a finalizar. A carreira de escritor e jornalista se impôs como destino. Em 1968, perseguido pelo DOPS em razão de sua militância contra a ditatura, buscou refúgio em Campinas, no interior de São Paulo com a poeta e amiga Hilda Hilst, com quem manteve intensa troca de correspondência até o fim da vida. Ao retornar a Porto Alegre, começou a trabalhar como jornalista no Zero Hora.

Pouco depois, no início dos anos 70, viajou como mochileiro pela Europa, morando em diversos países, e se tornou adepto da contracultura. Em 1982, publicou uma de suas obras mais emblemáticas Morangos mofados, que ganhou uma nova edição em 2019 pela Companhia das Letras. Em 1983, mudou-se para o Rio de Janeiro e, dois anos depois, para São Paulo. Voltou à França, onde já vivera, em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros, mas, ao descobrir naquele mesmo ano que era portador do vírus do HIV, retornou ao Brasil e falou abertamente sobre a doença na crônica Primeira carta para além do muro. Morreu em Porto Alegre, em 1996, aos 47 anos.

Com uma linguagem visceral, fluida e coloquial, e ao abordar temas não convencionais, Caio rompeu com os padrões literários da época, tornando-se  símbolo de uma geração e influenciando uma legião de escritores que viram em sua obra uma fonte de inspiração. Foi também um desbravador ao falar abertamente de sua homossexualidade, quando o assunto causava arrepios na sociedade conservadora. Em 2018, a Companhia das Letras publicou Contos completos, reunindo pela primeira vez em um único volume toda a produção em prosa breve das décadas de 70 e 90 desse escritor que se consagrou por seu estilo combativo e radical.

 


Citações

“Estamos olhando para a relação da sua literatura com a ditadura, um trauma de geração que percorre seus livros até quando ele não é explicitado. Um trauma que é escrito algumas vezes por subtração. Vivemos um momento em que a literatura brasileira, por pura contingência, repensa sua relação com a ditadura. E essa política da época também nos faz olhar melhor, aceitar melhor, as nuances queer da sua literatura, as nuances bicha-louca e irônica da sua escrita”.
Schneider Carpeggiani, editor da revista cultural Pernambuco e da editora Cesárea, sobre Contos completos (Companhia das Letras)

“Foi o primeiro escritor brasileiro que escreveu sobre o HIV”
Ramon Nunes Mello, escritor, sobre Caio Fernando Abreu

“Caio é muito visceral, fala da angústia, do medo, do desespero”
Alice Sant’Anna, poeta e editora do autor na Companhia das Letras, sobre Caio Fernando Abreu

“O Caio é um desses autores retomados a cada geração”
Ítalo Moriconi, professor e crítico literário, sobre Caio Fernando Abreu

 


Leia mais

Matéria do El País sobre Contos Completos (Companhia das Letras)

Matéria de O Globo sobre o acervo “paralelo” de Caio Fernando Abreu

Matéria de O Globo sobre a troca de correspondência entre Hilda Hilst e Caio Fernando Abreu

 


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Vídeos

  • Triângulo das Águas
    Contos e Crônicas
    224 págs, 2008/2023, Companhia das Letras.
  • Limite Branco
    Romance
    200 págs, 2007/2022, Nova Fronteira.
  • Poesias Nunca Publicadas
    Poesia
    prelo, Record.
  • Morangos Mofados
    Contos e Crônicas
    224 págs, 1982/2019, Companhia das Letras.
  • Contos Completos
    Contos e Crônicas
    760 págs, 2018, Companhia das Letras.
  • O Melhor de Caio Fernando Abreu
    Contos e Crônicas
    248 págs, 2015, Nova Fronteira.
  • Onde Andará Dulce Veiga
    Romance
    256 págs, 1990/2014, Nova Fronteira.
  • O Essencial da década de 1990
    Contos e Crônicas
    304 págs, 2006/2014, Nova Fronteira.
  • O Essencial da década de 1980
    Contos e Crônicas
    288 págs, 2005/2014, Nova Fronteira.
  • O Essencial da década de 1970
    Contos e Crônicas
    384 págs, 2005/2014, Nova Fronteira.
  • Os Dragões não conhecem o paraíso
    Contos e Crônicas
    224 págs, 1988/2014, Nova Fronteira.
  • Pequenas Epifanias
    Contos e Crônicas
    240 págs, 2006/2014, Nova Fronteira.
  • A Comunidade do Arco-Íris
    Saúde e Teatro, Cinema e TV
    56 págs, 2013, Nova Fronteira.
  • Caio de A a Z
    Romance
    136 págs, 2013, Nova Fronteira.
  • As Frangas
    Infantil e Juvenil
    56 págs, 2002,2012, Nova Fronteira.
  • A Vida Gritando nos Cantos
    Contos e Crônicas
    248 págs, 2012, Nova Fronteira.
  • Além do Ponto e Outros Contos
    Contos e Crônicas
    128 págs, 2010, Ática.
  • Teatro Completo
    Saúde e Teatro, Cinema e TV
    368 págs, 2009, Nova Fronteira.
  • Pedras de Calcutá
    Contos e Crônicas
    136 págs, 1977/2007, Nova Fronteira.
  • Melhores Contos
    Contos e Crônicas
    232 págs, 2006, Nova Fronteira.
  • Cartas
    Biografia e Memórias
    536 págs, 2002, Aeroplano.
  • Ovelhas Negras
    Contos e Crônicas
    240 págs, 2002, L&PM.
  • O Ovo Apunhalado
    Contos e Crônicas
    176 págs, 2001, L&PM.
  • Fragmentos
    Contos e Crônicas
    144 págs, 2000, L&PM.
  • Girassóis
    Infantil e Juvenil
    16 págs, 1997, Global.
  • Estranhos Estrangeiros
    Contos e Crônicas
    156 págs, 1996, Nova Fronteira.
  • Inventário do Ir-remediável
    Contos e Crônicas
    216 págs, 1970, Nova Fronteira.