Por Felipe Maciel
Há mulheres marcantes para a história da literatura brasileira em nosso elenco de escritoras. Na ficção e não ficção, elas são o que chamamos de precursoras, nos apresentaram novas ideias e abriram caminhos. Sueli Carneiro, Adélia Prado, Maria Adelaide Amaral, Maria Valéria Rezende, Dorrit Harazim: todas elas, vozes potentes que ecoaram e ainda ecoam. Mas hoje lembramos particularmente de Lygia Fagundes Telles, 97 anos, e de Marina Colasanti, 83.
Lygia é gigante. Antonio Candido, Otto Maria Carpeaux, Paulo Rónai. Foram muitos os autores já consagrados que se surpreenderam com a então jovem escritora paulista diante do lançamento em 1954 de Ciranda de pedra, seu primeiro romance. Lygia inscreveu seu nome como uma das maiores de nossa literatura por uma simples razão (e não foram os prêmios superlativos incluindo o Camões nem a longa permanência na cena literária): sua obra intimista, marcada pelo fluxo de consciência e o questionamento de tabus do universo feminino.
Marina igualmente grafou seu nome em pedra bruta, passeando com desenvoltura entre gêneros. Na imprensa, foi pioneira e um ícone da segunda onda feminista à frente das revistas Cláudia e Nova, além de precursora em assuntos do universo feminino que levou ao programa Sexo Indiscreto, da TV Rio, nos anos 1970. A temática é também recorrente em sua profícua obra que reúne mais de 70 livros de poesia, contos, crônicas, livros para crianças e jovens e ensaios sobre os temas literários.
A história da luta feminista é longa e não se encerra. Vale a pena recorrer às vozes que nos trouxeram até aqui!