Ilona Szabó analisa em seu novo livro as principais ameaças para os regimes democráticos contemporâneos e o cerceamento do espaço cívico no país

Por Felipe Maciel

A última década ficou marcada pelo revés dos regimes democráticos que – acreditávamos – já estavam consolidados desde o pós-Guerra Fria. A ascensão de líderes populistas e autoritários em diversas nações ocidentais sem apreço por instituições e pelo debate público abalou até mesmo os Estados Unidos, país-símbolo das democracias contemporâneas. Essa onda firmou-se também como ameaça real para a ainda incipiente democracia brasileira.

Empreendedora-cívica e fundadora do Instituto Igarapé, um centro de estudos globalmente reconhecido por elaborar propostas e políticas de segurança, clima e desenvolvimento, Ilona Szabó reflete sobre este tema no livro Em defesa do espaço cívico (Objetiva). Na base de sua argumentação, está o consenso na comunidade internacional de direitos humanos sobre o cerceamento do espaço cívico, “onde ocorrem as interações entre a sociedade civil em sua diversidade e os governos”.

“Veja o caso de governos liderados por ‘homens de ferro’ em países como Brasil, Estados Unidos, Hungria, Índia, Polônia, Rússia, Filipinas e Venezuela. Nesses lugares, as respectivas organizações da sociedade civil, imprensa e instituições científicas e acadêmicas têm se tornado alvo de ataques como parte de uma estratégia explícita de mobilização política.”, escreve a autora.

Os polêmicos episódios envolvendo Donald Trump na recente eleição norte-americana estão aí para provar a capacidade de desestabilização desses líderes. O embate está apenas começando e Ilona acrescenta boas reflexões para a trincheira democrática.