A escritora, primeira mulher a ingressar na ABL, completaria 110 anos em novembro e há nove décadas publicaria seu principal clássico, O quinze.
Rachel de Queiroz, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a vencer o Prêmio Camões, completaria no último dia 17 de dezembro 110 anos. Mas 2020 ainda reserva outra efeméride essencial para a trajetória da autora nascida em Fortaleza, fundamental para a fundação do romance regionalista nordestino. Em 1930, Rachel estreava com O quinze (José Olympio), obra definitiva em que descreveu com surpreendente realismo a seca e a fome que varreu o Nordeste do país em 1915.
A escritora mal chegara aos 20 anos e já havia surpreendido nomes como Graciliano Ramos e Mário de Andrade. Vida secas ainda não havia sido publicado, tampouco O menino do engenho, outro clássico do gênero. Rachel já inovava, pavimentando o caminho de uma estética.
Curioso o destino que a arte literária lhe reservara. Ela nunca se reconheceu feminista e, mais tarde, seria opositora ferrenha dos “ideiais comunistas”, mas O quinze segue representando uma narrativa poderosa, bela e crua do êxodo rural brasileiro. O pioneirismo seria uma de suas marcas, intencionalmente ou não.
Agora, no fim deste mês, a José Olympio devolve às livrarias outro romance marcante de sua carreira, Dôra, Doralina, originalmente publicado em 1975. A obra obteve grande repercussão e marcou o retorno da autora à ficção longa após longo jejum. Curiosamente, Rachel escrevia sobre um tema ainda hoje bastante contemporâneo: a emancipação feminina.