Sobre o autor
A obra de Luis Fernando Verissimo foi marcada pela concisão, o humor refinado, a versatilidade temática e a ironia sofisticada. O autor faleceu em setembro de 2025, mas deixou um legado que permanecerá cativando todas as gerações de leitores.
Conhecido pela discrição e a economia nas palavras, o que não revelou na palavra falada, escreveu, para o deleite dos leitores, que o acompanharam por décadas nas crônicas publicadas em jornais e nos livros. Autor de uma obra vasta e imaginativa, passeou com igual desenvoltura por crônicas, romances, livros infantojuvenis e quadrinhos. Filho de Mafalda Verissimo e do escritor Erico Verissimo, nasceu em 1936, em Porto Alegre, onde morou, até o fim da vida, com a mulher, Lúcia Verissimo, na mesma casa que pertenceu a seus pais.
Sua obra literária é tema de livros, teses e dissertações e muitos de seus livros ganharam adaptações para o cinema, a TV e o teatro. Entre suas dezenas de best-sellers estão Comédias da vida privada (Objetiva), adaptado para uma série da Rede Globo; As mentiras que os homens contam (Objetiva), Gula: O Clube dos Anjos (Alfaguara), romance delicioso da coleção Plenos Pecados; a ficção policial Borges e os orangotangos eternos (Alfaguara) e O Analista de Bagé (Objetiva), um clássico do humor em que apresentou um de seus personagens mais populares.
Seus livros, extensamente premiados, foram também publicados em diversos países, chegando a lugares tão distantes quanto Lituânia, Japão, Coréia e Tailândia, sem falar nas diversas edições lançadas em Portugal, Espanha, França e no Reino Unido. Foi um dos autores de maior sucesso comercial no Brasil e por duas vezes tema da reportagem de capa da revista Veja. Em 1982, a publicação destacou o êxito editorial de O Analista de Bagé, que, na ocasião, já havia ultrapassado a 35ª reedição em apenas oito meses. Na primeira década dos anos 2000, com o título “O bem-amado”, a mesma revista destacaria também em sua matéria de capa o êxito de Verissimo, que alcançara o posto de escritor mais lido do país.
Mas não só de literatura viveu o escritor, as viagens, o jazz (ele tocou saxofone no grupo Jazz 6), a comida e o futebol estavam entre suas paixões. Seu amigo, o jornalista Zuenir Ventura escreveu na orelha do livro Conversa sobre o tempo, que publicaram juntos: “Tudo em Verissimo – a emoção, o lirismo, o drama e até a erudição de quem leu, viveu, ouviu e assistiu do bom e do melhor – é contido e temperado pela autoironia e por um humor generoso e irresistível”.
Citações
“Luis Fernando Verissimo é para sempre. Gênio que ultrapassou suas firmes convicções políticas, o amor pelo Inter, as improvisações no jazz, o inigualável talento literário e até o próprio recato. É hoje um homem muito maior que seu silêncio.”
Martha Medeiros, escritora, sobre Luis Fernando Verissimo
“LFV, que tinha o superlativo no nome, morreu como o maior escritor brasileiro vivo porque operou a mais difícil das fusões —entre estilização da linguagem e poder de comunicação com os leitores.”
Sérgio Rodrigues, escritor e jornalista, sobre Luis Fernando Verissimo
“Que falta nos fará o escritor genial que por décadas soube, como nenhum outro, nos fazer rir desta realidade oriunda, deste mundo albatroz. Fosse espinafrando nossos políticos, aos quais faltam prepúcios e sobram endívias, fosse esculpindo, com sua afiada escuna, caricaturas hilárias do nosso patápio cotidiano.”
Antonio Prata, escritor e jornalista, sobre Luis Fernando Verissimo
“Seja nas tirinhas desenhadas ou nas crônicas assinadas em jornais, que representam a maior fatia da sua produção, Verissimo sempre contou com dois trunfos: o humor e uma percepção muito fina da intimidade do brasileiro. Ele é capaz de radiografar a alma nacional como ninguém. Versátil, o escritor escreve sobre quase tudo: economia, gastronomia, futebol, cinema, viagens, música, literatura. Pratica aquilo que Manuel Bandeira chamou ‘puxa-puxa’. Ou seja, é capaz de arrancar um bom texto de qualquer miudeza”
Revista Veja, em reportagem de capa sobre Luis Fernando Verrissimo
“A vida privada do brasileiro, contudo, é o seu forte – ou as comédias da vida privada, para dizer melhor. Os rituais do namoro e do casamento, o sexo, as infidelidades, o choque de gerações, tudo isso é um prato cheio para o escritor. Quanto ao humor de Verissimo, ele é de um tipo muito especial. Por mais incisivas que sejam, suas piadas nunca destilam raiva. Ele não procura o fígado do leitor nem professa um humor amargo, desiludido com a humanidade. Verissimo afirma que, à medida que envelhece, talvez esteja caminhando para um ceticismo terminal, daqueles que não dão desconto. Mas ainda não chegou lá.”
Revista Veja, em reportagem de capa sobre Luis Fernando Verissimo
“Dono de um dos mais atentos olhares da imprensa brasileira, Verissimo,cronista do Estado desde 1989, acostumou-se a relatar aos leitores acontecimentos ocorridos tanto dentro como fora de sua casa, crônicas que, com o tempo, solidificaram sua fama de mestre do humor sintético.”
Estadão, em reportagem sobre Ironias do tempo (Objetiva)
Leia mais
Artigo de Lúcia Verissimo, viúva de Luis Fernando Verissimo, para a Folha de S.Paulo
Coluna de Sérgio Rodrigues no jornal Folha de S.Paulo sobre Luis Fernando Verissimo
Coluna de Martha Medeiros no jornal O Globo sobre Luis Fernando Verissimo
Revista Forbes: dez frases marcantes de Luis Fernando Verissimo
Matéria do jornal O Globo sobre o legado de Luis Fernando Verissimo
Coluna de Antonio Prata no jornal Folha de S.Paulo sobre Luis Fernando Verissimo
Matéria da Folha de S.Paulo sobre a família Verissimo
Entrevista com Bial com Luis Fernando Verissimo
Entrevista sobre o lançamento de As mentiras que as mulheres contam (Objetiva), revista Época