Edição bilíngue dos poemas de João Cabral de Melo Neto escritos durante o período em que foi embaixador no país andino.
Por Felipe Maciel
No centenário de João Cabral de Melo Neto, celebrado em 2020, foram feitas algumas homenagens ao grande poeta pernambucano. Há muitas facetas em sua obra e andanças pelo mundo a serem exploradas, entre elas sua intimidade com a cultura hispânica.
A partir da iniciativa do embaixador e também escritor João Almino, Vivir en Los Andes ganhou uma edição bilíngue no Equador com tradução ao espanhol por Iván Carvajal, que acaba de ter a segunda tiragem impressa.
O volume de dez poemas recebeu tratamento especial, com textos analíticos assinados por Antonio Carlos Secchin, pelo tradutor e pelo próprio João Almino. “no ar rarefeito como a vida, vai a vida do índio formiga”, diz um de seus versos, em que reflete sobre o lugar conflituoso do indígena na sociedade local.
A passagem de Melo Neto pelo Equador é pouco conhecida, sendo mais comum relacionar sua obra a Pernambuco e Espanha. João Cabral de Melo Neto foi também embaixador na América hispânica e exerceu a função no Equador (1979) e em Honduras (1981). Essa experiência está registrada na seção Viver nos Andes, do livro Agrestes, de 1985.
“Pedra e ar são os pilares de ‘Viver nos Andes’. Seus dez poemas, com variações, encadeiam-se em torno de um mesmo tema: a sobrevivência na montanha, apesar da atmosfera rarefeita. Mas não se esgota nessa primeira leitura o alcance da investigação cabralina; com ela convive outra, na linhagem de uma sutil politização da natureza.”, escreve Secchin sobre a obra.