Novo livro de Ricardo Lísias analisa o aprofundamento da crise brasileira e como o país se tornou sinônimo de morte.
Por Felipe Maciel
A catástrofe brasileira não terminou. Ao contrário, nossa democracia corre sérios riscos e as dúvidas que pairam sobre a capacidade de resiliência das instituições e da sociedade civil – muitas vezes coniventes – tornam o momento grave. Ricardo Lísias sempre enxergou a literatura como posicionamento político, seu projeto artístico requer tomar posição. Hoje, mais ainda.
Em Diário da catástrofe – ano 2: um genocídio escancarado não há metáforas. Está em curso no país um projeto de genocida e negacionista. Neste segundo volume, o autor volta a lançar mão da análise de fatos, signos e do discurso para afirmar: o Brasil na era da pandemia se tornou sinônimo de morte.
Em 27 de dezembro de 2020, ele anota neste diário: “É difícil estimar o futuro de Jair Messias […]. Depois do que acontecerá em Manaus daqui a poucas semanas (quando pacientes internados por causa da Covid-19 irão morrer por falta de oxigênio hospitalar) e da sabotagem que o governo promoverá ao processo de vacinação, o impeachment continuará fora do horizonte.”
O que veio a seguir todos nós sabemos. Nessas páginas perturbadoras, o autor deixa evidente: o horror está longe do fim. O livro começa a chegar amanhã às livrarias. Separamos aqui alguns trechos. Confira!