Adriana Carranca e Adriana Negreiros assinam dois artigos da Revista Piauí de setembro em textos contundentes sobre violência contra a mulher no Afeganistão e no Brasil.

Por Felipe Maciel

A edição de setembro da revista Piauí conta com dois artigos imperdíveis assinados pelas escritoras e jornalistas Adriana Carranca e Adriana Negreiros. Dois textos que examinam realidades distintas, mas retratam, com suas particularidades, a brutalidade contra as mulheres.

Autora dos livros “Malala, a menina queria ir para a escola” (Companhia das Letrinhas) e “O Afeganistão depois do Talibã” (Civilização Brasileira), Carranca conta em Tudo já é passado a experiência de desvendar o Afeganistão, país onde esteve pela primeira vez em 2008. Com a volta de extremistas ao poder, retrocesso e opressão são as únicas certezas que temos.

“Não consegui localizar Sabina, que hoje deve ter 19 anos. Desconheço seu destino, como é desconhecido o futuro de Fauzia Kofi, a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente do Parlamento na história do Afeganistão. De Shamsia Hassani, a primeira grafiteira.”, lamenta a escritora.

Já Adriana Negreiros é a autora de Aconteceu uma coisa ruim, trecho inédito de seu segundo livro, A vida nunca mais será a mesma, a ser lançado pela Objetiva em outubro. A escritora reconstitui o dia em que sua vida foi para sempre marcada. 24 de maio de 2003, São Paula: o dia em que foi estuprada. Violência, denúncia e memória marcam seu relato.

“O meu corpo, invadido com brutalidade pelo estuprador, parecia já não me pertencer.”, ela escreve, no ápice do horror. E acrescenta que o estuprador a felicitou por não ter reagido à violência extrema: “Do contrário ‘teria que te matar’, o que faria por necessidade, não gostava de ‘apagar mulher’, pois tinha irmã e mãe.”