Em mais de 70 anos de atividade literária, Lygia Fagundes Telles estabeleceu relações de amizade e troca com alguns dos principais nomes da literatura brasileira e do exterior.
Por Felipe Maciel
Lygia Fagundes Telles iniciou em 1938 a carreira literária com Porões e sobrados e publicou, ao longo da trajetória de mais sete décadas dedicada às letras, romances e contos primorosos. Sua obra, premiada e traduzida em diversos idiomas, está entre o que há de melhor em nossa literatura. Mas o ofício lhe trouxe também amizades longevas. São essas amizades que revisitamos hoje.
Com Hilda Hilst, manteve uma relação de intimidade e confidência. Elas se conheceram em 1950 em um evento no Largo São Francisco. Nunca perderam o contato, mesmo quando a poeta optou pela vida solitária na Casa do Sol, em Campinas. De temperamentos distintos, tinham muito em comum e diziam que gostariam de morrer de “mãos dadas”.
Manuel Bandeira, Erico Verissimo, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cecília Meireles e até mesmo Jorge Luis Borges e José Saramago – eis alguns dos nomes do panteão da literatura com quem Lygia criou afinidade e troca.
No lançamento de O seminário dos ratos em 1977, Clarice Lispector entrevistou Lygia e a descreveu como uma das maiores autoras do Brasil. Em uma carta escrita neste mesmo ano, Clarice celebrou a eleição de Rachel de Queiroz e vaticinou: “desejo que a terceira vaga seja preenchida por Lygia Fagundes Telles.”.
A amizade com Drummond atravessou décadas, embalada por admiração mútua, conversas e cartas. Quando lançou Ciranda de pedra, nos anos 1950, o poeta escreveu: “Você correspondeu cem por cento à confiança que os amigos depositavam na sua capacidade criadora. Seu livro ganha longe da nossa ficção raquítica de hoje (…). É um livro duro, mas sem nenhuma passagem escabrosa.”
Em setembro de 1941, a então autora estreante não titubeou em escrever para o já consagrado Erico Verissimo e assim disse: “Erico Verissimo, vou lhe contar um segredo. Promete não divulgar? Então, ouça: tenho um livro pronto! Sim senhor! Um livro com catorze contos!” Ali começava uma conexão duradoura.
Sequência das imagens selecionadas:
- Lygia Fagundes Telles, Carlos Drummond de Andrade e Hilda Hilst (SP, novembro de 1955)
- Carta de Clarice Lispector para Lygia Fagundes Telles em 1977 (incluída na edição “Todas as cartas”/Rocco)
- Trecho da carta de Erico Verissimo para a amiga Lygia Fagundes Telles (Frame do vídeo Uma noite com Lygia: Erico e Drummond/IMS)
- Lygia Fagundes Telles e Cecilia Meireles em 1945
- Lygia Fagundes Telles e Luis Fernando Verissimo