Baseado em evidências científicas e experiências pessoais,o neurocientista e professor de Columbia Carl Hart defende uma perspectiva sem preconceitos sobre o uso de drogas.
Por Felipe Maciel
“Parem a matança: regulamentem as drogas”. Este é o título do texto do neurocientista e professor de Columbia Carl Hart publicado recentemente na Folha de S. Paulo e deixa explícito o ponto de vista do autor de Drogas para adultos, publicado pela Editora Zahar.
O autor argumenta que a demonização e criminalização em países como os Estados Unidos e o Brasil representam um flagelo imenso, contribuindo para a discriminação racial, marginalização e mortes. Hart sabe que caminha em terreno minado ao postular que a liberdade para o uso de drogas – qualquer uma – é um direito individual.
“Como sociedade, não podemos dizer que não gostamos das pessoas porque elas são pobres ou negras, então temos que delinear atividades para poder dizer que as pessoas que as praticam são indesejáveis. E o uso de drogas é ideal para isso. É uma forma indireta de demonizar certos grupos.”, escreve.
O artigo publicado no jornal de maior circulação do país levou a reação dos segmentos mais conservadores, a exemplo do presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, que afirmou em seu Twitter: “Alguma dúvida de que o negro que a Folha escalou para defender a liberação das drogas é um viciado, não um neurocientista?”
Mas o fato é que a política de guerra contra as guerras não reduziu o consumo e agravou a violência. Hart vê a separação das drogas ilícitas em categorias de acordo com sua suposta periculosidade ou poder de causar adicção como artificial e pouco embasada na ciência. O debate é necessário.